Quando falamos em Música e Artes,
falamos de algo muito delicado, pois envolve sensibilidades, desejo de
exposição pública e vaidade.
Envolve também a nossa percepção
sobre nós mesmos. Há, de certa forma, uma busca por aprovação e aceitação.
Admitindo ou não, aceitando ou não, gostamos de aparecer. Isso faz parte da
natureza humana e faz parte dos atributos dos dons artísticos! FAZ PARTE!
Quem faz uma obra artística,
deseja que esta obra seja vista, apreciada: quer um público. A arte é uma
poderosa forma de expressão e de comunicação, que requer uma audiência. Como
dom de Deus, funciona muito bem, mas quando nesta equação colocamos a nossa
natureza humana, decaída e pecadora, as artes, o louvor e a adoração a Deus, torna-se um campo minado, um campo de guerra, onde todo cuidado
é necessário. E isso obviamente não é por causa de Deus, mas por nossa culpa! Estamos efetivamente diante de um
guerra na qual várias batalhas são travadas, batalhas individuais e batalhas
coletivas. Não há como ficar neutro!
Nosso ministério está envolvido
nessa batalha, em um local específico: o momento do culto!
Por isso é importante falarmos do
culto, algo muitas vezes banalizado, tornado ordinário, sendo suprimido em
alguns modelos de igreja em células ou usado como forma de manipulação das
pessoas!
Células, discipulados, Escola
Dominical são métodos importantes e necessários, mas não substituem o Culto, a
reunião do povo de Deus com o propósito de louvar, adorar, confessar e ser
desafiado e abençoado como corpo, como povo.
Dimensões do Culto
O culto como Mistério – O bispo Adolfo, quando era pastor na IMESA,
afirmava que o Culto era mistério. Podemos planejar os cânticos, elaborar a
liturgia, separar textos bíblicos, mas não podemos controlar como Deus vai agir
e nem como as pessoas serão tocadas por Ele.
Precisamos lembrar que o dono do
culto é Deus, e que o Espírito Santo pode atuar livremente, desde um vento
suave até como um estrondoso terremoto, e que a mesma palavra pregada por um será
recebida por muitos de maneiras diversas, com diferentes aplicações pessoais,
pois Deus fala ao povo, mas também fala individualmente. O mesmo vale para as
ministrações nos momentos de cânticos.
O culto é mistério, pois devemos
sair com algo diferente, mas para isso devemos entrar com a mente, a alma e o
coração abertos, desejando algo a mais, e não apenas fazendo mecanicamente a
nossa parte, “batendo o cartão”. Isso é banalizar o culto. Precisamos entender que ali é
lugar privilegiado da manifestação de Deus. É o momento escolhido pelo Pai para
instruir seu povo e para receber o incenso suave do louvor e oração das vidas
que formam o corpo de Cristo JUNTOS, que deve se preparar durante a semana
para esse encontro especial! Por isso é HONRA ministrar nesse momento único.
O culto é Sinal – O ajuntamento
de pessoas deve sinalizar que há algo diferente e importante acontecendo.
Quando na rua as pessoas veem um grupo olhando para o mesmo lugar,
acabam parando para prestar atenção, para ver o que está acontecendo! Onde há um
grupo de pessoas com o mesmo foco de atenção, há a curiosidade dos outros
que estão de fora. Assim deve ser o culto e seus participantes. A nossa atenção
e entrega àquele momento deve despertar o desejo de participar dos que estão
fora. “Alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do Senhor” (Salmo 122.1).
O Culto é oferta – ofertar não somente financeiramente. Oferta é
muito mais que dar dinheiro, pois o que deve ser ofertado é a vida! Esse é o nosso
sacrifício de louvor: “Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus
sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome”
(Hebreus 13.15). Não trazemos mais carneiros e bodes, pois Jesus foi o
sacrifício único e perfeito por toda a humanidade, por isso, em uma troca
injusta, pois valemos muito menos, oferecemos simbolicamente nossa vida total
no altar, por meio de nossas orações, cânticos, expressões de adoração e gratidão
e também nossos bens.
O culto, assim como a Escola
Dominical e outras reuniões da igreja é local de aprendizagem, de doutrinamento
e partilha de valores comuns e importantes à vida e à identidade da comunidade
cristã, e por tratar de valores pessoais e coletivos, chegamos a outra dimensão
do culto.
O Culto é confronto – um momento especial, diferente do dia a dia,
mas que deve influenciá-lo. No culto, na tradição litúrgica protestante, iniciamos
invocando a Santidade do Senhor por meio da Adoração ou dos momentos de
invocação. Quando adoramos, refletimos sobre a santidade de Deus e, como uma
folha branca colocada sobre uma luz forte, vemos toda a nossa imperfeição.
1) Durante o culto a SANTIDADE de
Deus confronta e revela a nossa PECAMINOSIDADE.
2) Durante o culto é pregada e
revelada a Palavra de Deus, CONCEITOS DIVINOS confrontam nossos CONCEITOS
HUMANOS.
3) Pela Palavra nos é revelada a
VONTADE DE DEUS, que se confronta com a NOSSA VONTADE. Esta dever ser submetida
à primeira: “seja feita A TUA vontade”, assim oramos.
4) Enfim, Deus revela sua própria
glória, que ofusca toda a nossa tentativa de aparecer, nossos talentos, dons e orgulho: “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas;
glória, pois, a ele eternamente. Amém” (Romanos 11.36).
Todas essas dimensões do
culto mexem com nossa sensibilidade, sobretudo a última.
Muitas vezes chegamos a
acreditar que somos nós os responsáveis pelo mover de Deus no culto. É como a
história do galo que cantava todas as manhãs antes do sol nascer. Durante o dia
ele falava a todos os outros animais que o sol nascia devido ao seu canto. Ele
realmente acreditava que fazia o sol nascer com seu canto “ungido”. Até que um
dia ele perdeu a hora de cantar e... o sol nasceu sem seu canto!
Não podemos ter essa síndrome de
galo. Não fazemos o sol nascer, mas podemos, pelo menos, acordar os outros para
ver o sol nascer e para viver mais um belo dia! Temos que ter consciência que
estamos aqui para servir!
Temos dons, talentos, devemos
mostrar esses dons e talentos para os outros, mas que eles sirvam para que
todos vejam que o sol nasceu, ou seja, que através das músicas, vozes e
instrumentos, levemos as pessoas a olharem para Deus.
Por isso o culto é lugar de batalha,
batalha espiritual! E a batalha não começa exatamente com um inimigo externo, começa
dentro de nós, contra a nossa própria carnalidade, nossas próprias fraquezas,
nosso próprio caráter.
Somos artistas, músicos,
cantores. Gostamos quando alguém elogia nossa performance e isso é bom.
Queremos e devemos fazer bem nossa tarefa – “Cantai-lhe um cântico novo;
tocai bem e com júbilo” (Salmo 33.3).
Isso faz bem pra alma. Até
mesmo em um show secular nos sentimos bem com uma música bem tocada e bem
cantada. Há uma verdadeira emoção lá, e isso é lindo, mas devemos ir além. Para
isso, mais do que ser um bom músico, mais do que ter um caráter de músico (ou
cantor, ou artista), temos que buscar, em nosso ministério, desenvolver em nós
mesmo o caráter de Cristo Jesus. Ele deve ser o centro, a motivação principal.
Este é o foco que devemos buscar individualmente e em grupo, como ministério,
parte do corpo: apontar e exaltar a Jesus Cristo.
Que possamos crescer assim,
desenvolver nossas sensibilidades com amor e respeito, não sendo sensíveis
somente às nossas questões, mas sensíveis a ponto de sentir a dor do outro,
sentir os ventos e sinais do Espírito, sensíveis à presença de Deus.
Que possamos crescer, tanto
musicalmente (fazer bem feito e cada vez melhor), com dedicação, tempo de
estudo, de ensaio, como em comunhão, orando juntos, convivendo mais, gastando
tempo com as pessoas e os assuntos do ministério de louvor.
E claro, nos fortalecendo
espiritualmente, pois o inimigo está à espreita. Lembremos de Efésios 6.12: “Porque
não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados,
contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as
hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.
Diante disso, propomos um
pacto ministerial de amor, comunhão e oração. Proponho uma renovação de
aliança, uma nova consagração para o ministério de louvor, o Ministério de
Música e Arte.
Assim fizemos em nossa
reunião. Se você não esteve presente, faça isso agora e procure um dos lideres
para confirmar sua decisão de continuar caminhando junto neste trabalho.