“Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros
adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai
procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores
o adorem em espírito e verdade”. João 4.23,24.
Por muitos anos tenho aprendido e ensinado sobre adoração e,
cada vez mais, reconheço que esse é um assunto sobre o qual o Espírito de Deus
precisa nos ensinar muito mais. Desde o início de meu ministério me deparei com
essas palavras de Jesus. O Espírito Santo abriu meu coração para buscar um
entendimento mais amplo dessa verdade. Tenho um profundo desejo de vivê-la,
pois, Jesus afirmou que é exatamente isso que o coração do Pai procura.Entendo que Deus não busca adoração, pois, dela o céu está
repleto. Compreendo, pela Palavra, que Deus procura adoradores mais que
adoração e que eles o façam em espírito e verdade.
Este artigo não pretende ser um tratado completo sobre esse assunto. Mas, sim, uma reflexão de um coração que, a cada dia, diz ao Pai: “Eis-me aqui Senhor, quero ser um entre os adoradores que procuras. Quero ser encontrado por Ti, ó Pai, no meu viver, no meu lar, no meu ministério, dia após dia, onde eu estiver; e que tu possa contar comigo como teu adorador”.
Quero, com todo o amor, projetar aos que trabalham nessa área da vida da igreja a minha experiência como adorador, músico, compositor e produtor. Será a palavra de quem, por muitos anos, tem participado nesse setor da vida da igreja local como na extra local. Palavra dirigida a todos aqueles que servem a Deus nesse campo, buscando ajudar aos que procuram, como eu, serem verdadeiros adoradores.
A Semente
Desde pequeno cresci em uma congregação evangélica, onde
aprendi que a adoração a Deus era uma forma diferente de se cantar. Quando nos
reunimos nos cultos havia um tempo inicial dedicado ao cântico de “corinhos de
adoração”, visando preencher o espaço em que as pessoas chegavam e se
preparavam para participar do encontro. Durante o culto os hinos eram cantados
pelo hinário, os testemunhos eram apresentados e a Palavra era ministrada.
Assim, por muito tempo, o conceito que eu possuía de adoração limitava-se ao
que fazíamos nos momentos que antecediam ao culto.
Assim como eu, muitas pessoas devem ter recebido esse ou
outros conceitos não corretos de adoração, levando-as a um que enfoca a adoração
como uma forma, um estilo, ou um espaço de tempo a ser preenchido.
Para muitas pessoas adorar é um ato contemplativo que busca
uma aproximação maior a Deus. Era assim que os monges medievais compreendiam.
Uma contemplação de Deus, feita na vida reclusa que levavam, em total separação
do mundo exterior. Assim, passavam grande parte de suas vidas em celas
solitárias, confinados em clausuras, contemplando e adorando a Deus. Não digo
que tais conceitos estejam de todo errados, porém afirmo que adoração é algo
que vai muito além de formas ou expressões estereotipadas, pré-determinadas
pelo tempo, espaço e estilo.
Tudo isso, entretanto, expressa uma grande verdade, a
adoração começa com a busca que um ser humano faz para estar diante do Deus
Criador. Adoração é fruto de uma “semente” que Deus plantou no coração do homem
ao criá-lo (Gênesis 1.26,27). Antes que o diabo plantasse a semente do joio da
rebelião e da desobediência, Deus já semeara a sua preciosa semente – sua
imagem e semelhança – ao soprar-lhe o fôlego de vida (Gênesis 2.7). É a
presença dessa semente divina que leva o homem a buscá-lo. Em cada pessoa que
nasce a semente se faz presente e a acompanhará por toda a sua vida. Desde as
mais longínquas civilizações que temos conhecimento, o homem, de diferentes
formas, buscou a Deus, até mesmo não tendo noção das dimensões do que fazia. Ao
estudarmos qualquer uma das culturas da humanidade veremos que existiu, em
todas, uma centralização na busca do divino, do desconhecido, do sobrenatural,
da razão de existir, do santo e do ser. Quando um nativo se prostra diante do
sol, em seu interior há uma procura de Deus. Quando os pagãos fazem seus
sacrifícios a diferentes divindades e entidades, revela-se uma busca incessante
daquele que o criou.
O diabo, sabendo da existência dessa semente, procurou fazer
com que o homem se satisfizesse com mentiras e ilusões. Assim, ele quer, nas
mais diferentes seitas e religiões, transferir o poder de Deus para distintos
espíritos enganadores. Ele tenta anular o poder do sangue de Cristo usando o
sangue de animais e de aves. Entretanto, nada disso, nem mesmo outros sofismas
demoníacos podem anular, substituir ou satisfazer a “semente” que está na
pessoa humana. Nem mesmo qualquer ídolo moderno como o dinheiro, conforto,
lazer e prazeres poderão fazê-lo.
Em Efésios 1.5,12,14 há a afirmação de que o homem foi
criado para glória de Deus. Deduzimos, assim, que o homem foi formado para ser
um adorador do Deus vivo, único e verdadeiro, que o criou. O homem vive para
ter comunhão com o Deus, eterno e único. A “semente” pode estar nele
adormecida, mas não lhe poderá ser tirada.
A adoração se expressa através de nós quando nos voltamos
para Deus, reconhecendo o que ele é, o que ele representa para nós e,
conseqüentemente, quando entregamos-lhe o que somos e o que temos, para que
tudo redunde em glória ao seu nome.
(continua amanhã, com a segunda parte, aqui no blog).
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